CADÊ O QUEIJINHO? João
Evangelista Gonçalves, o “Queijinho”, era uma figura das mais
queridas e populares de Pirassununga. Herdou o apelido do avô e do
pai que, no passado, faziam e vendiam deliciosos queijos caseiros.
Sua mãe, Dona Benedita,
era lavadeira. “Queijinho” trabalhou vinte e dois anos na Máquina
de Arroz e Debulhadeira de Milho Levy, no bairro da Raia, uma das
mais conceituadas no beneficiamento de arroz da cidade.
A família Levy sempre o
tratou como filho. Todos tinham um carinho muito especial por ele.
Quase todos os dias, “Queijinho” chamava a atenção de todos ao
cruzar a cidade puxando galhos pelas ruas e avenidas. Onde quer que
os encontrassem, conseguia arrastá-los dezenas de quilômetros para
depositá-los nas imediações do trevo principal da Rodovia
Anhanguera. TEM UM REAL? Além de arrastar galhos, “Queijinho”
tinha também a mania de passar todos os dias pelos mesmos lugares:
mercadinhos, quitandas, bares, lanchonetes, lojas, estacionamentos,
farmácias, oficinas, açougues... Esse encontro diário também
passou a fazer parte do dia a dia das pessoas que o acolhiam.
Quando se atrasava ou
deixava de passar por um daqueles locais para “bater o cartão”,
as pessoas se perguntavam: “Cadê o ‘Queijinho’ que até agora
não veio?”. E quando chegava, ao ver os amigos, logo mandava: “Tem
um real?“ No início pedia moedinhas. Depois, como as pessoas só
lhe ofereciam moedinhas de cinco e dez centavos, “Queijinho”
decidiu estipular um teto: R$ 1,00. Nada mais, nada menos! CADÊ O
QUEIJINHO? De repente, num belo dia de verão, todos estranharam sua
ausência.
Entretanto, ninguém
poderia imaginar que, a partir daquela data “Queijinho” nunca
mais passaria pela vida e pelo coração daquelas pessoas que
aprenderam a admirá-lo, amá-lo e respeitá-lo. Naquele dia,
“Queijinho” fora estupidamente atropelado nas proximidades da
rotatória da avenida Prudente de Moraes, na saída para Cachoeira de
Emas. E, para a tristeza de todos, três ou quatro dias após o
lamentável ocorrido, em 24 de fevereiro de 2011, “Queijinho”
viria a falecer aos 61 anos. Solteiro e aposentado, João Evangelista
Gonçalves deixou os irmãos Abel, Elza, Suzana e Durvalina, filhos
de Osvaldo e Benedita Tückmantel Gonçalves, ambos falecidos.
“Queijinho” residia na Vila Santa Terezinha.
HOMENAGEM EM VIDA No ano
de 2010, na abertura do carnaval da cidade, na praça Conselheiro
Antonio Prado, “Queijinho” recebeu as homenagens e o carinho da
Prefeitura Municipal. Ao lado de seus familiares, ficou muito feliz e
emocionado ao ganhar um troféu e muitos aplausos. Naquele dia
“Queijinho” passou a integrar a “Galeria de Bonecões do
Carnaval de Rua da Terra Curimbatá”, que reúne figuras queridas e
emblemáticas, de ontem e de hoje, ligadas a nossa cultura popular.
Roberto Bragagnollo Foto: Edison Sidnei Vick
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